Os fracos condenam; os fortes perdoam

Depois de Jesus ter exaltado a pessoa de João Batista, agora Ele se volta para a multidão e lhe dirige uma pequena e rústica parábola das crianças nas praças. O Senhor reconhecia nesse santo um profeta que abria novos caminhos em face da rígida e opressora religião do Templo de Jerusalém e das sinagogas. Jesus se fez discípulo de João, recebendo seu batismo e, depois, Ele próprio inicia Seu ministério com o mesmo anúncio do Batista: “Arrependei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”.
Na elementar parábola narrada por Cristo, um grupo de crianças tenta se comunicar com outro [grupo] com brincadeiras de alegria ou tristeza, porém, o outro grupo as rejeita. Então, o próprio Jesus passa a explicá-la.
João Batista fez seu anúncio da conversão de maneira austera, nas regiões desérticas do Jordão, e foi acusado de “ter um demônio”. Jesus, por sua vez, anunciando a chegada do Reino dos Céus de maneira simples e comum, no meio do povo, comendo com os pecadores e publicanos, é chamado de “comilão e beberrão”.
Os chefes religiosos, que veem em João e em Jesus uma ameaça ao seu poder, procuram difamá-los diante do povo. Porém, o povo excluído e oprimido reconhece a sabedoria da mensagem de Jesus e a recebe com alegria e esperança.

Mas que gente difícil aquela, a quem Jesus fora enviado! Eles haviam recusado a sabedoria de Deus, que primeiro se apresentara no ascetismo de João e depois a condescendência do Senhor para com os pecadores e excluídos de Seu tempo. Corremos o risco de afirmar isso sobre aquela gente do tempo de Jesus. Não será que Cristo nos está dirigindo também a mesmíssima mensagem?
Vivemos tempos muito fortes em críticas, muitas vezes, infundadas, sem pé nem cabeça. E, como ontem, Jesus continua insistentemente nos dizendo: “Com quem vou comparar esta geração?” Ele se apresentou aos homens com uma nova mensagem: mensagem do amor, da paz, da justiça, da partilha, da solidariedade, da reconciliação e, sobretudo, da misericórdia. Mas não foi compreendido e acolhido.
Só os simples, os humildes, os disponíveis, os amigos da verdade a Ele aderiram, reconhecendo n’Ele o ponto de chegada de toda a Lei e os profetas. Os outros, principalmente os chefes do povo, puseram-se contra Ele e O rejeitaram. Todavia, por ser forte, soube compreender os fracos e os reerguer, dando-lhes uma nova dignidade de viver entre os irmãos. Se, quando fracos, condenavam os outros, agora, fortalecidos por Cristo e com Cristo, eles devem perdoar para que permaneçam sempre fortes. Já que os fracos condenam e os fortes perdoam.
Peçamos a Jesus que nos ensine a perdoar para sermos a geração dos fortes, a fim de suportarmos as fraquezas dos mais débeis, como nos ensina São Paulo. Que saibamos suportar os sofrimentos e, neles, descubramos o mistério da cruz de Cristo, que é a fonte da nossa salvação.

Padre Bantu Mendonça