São Carlos Borromeu, em uma carta pastoral, adverte que, entre os meios que Jesus Cristo nos recomendou no Evangelho, deu o primeiro lugar à oração. Ele quis que nisso se distinguisse as igrejas católicas e sua religião das outras seitas, querendo que de um modo especial elas se chamassem casa de oração. ‘Minha casa será chamada casa de oração’ (Mt 21, 13). Conclui São Carlos Borromeu , na mesma carta, que a oração é o princípio, o progresso e o complemento de todas as virtudes. Por isso nas trevas, nas misérias e nos perigos em que nos achamos, não temos nenhum outro em quem fundar nossas esperanças, senão levantar nossos olhos a Deus e pela oração impetrar de sua misericórdia a nossa salvação: ‘como não sabemos o que devemos fazer, dizia o rei Josafá, não nos resta outro meio do que levantar os nossos olhos para Vós’ (2Cr 20, 12). E assim também fazia Davi, não encontrando outro meio para se livrar dos seus inimigos do que rogar continuamente ao Senhor, que o libertasse de suas ciladas: ‘os meus olhos se elevam sempre ao Senhor; porquanto ele tirará o laço de meus pés’ (Sl 25, 15). E assim não cessava de rezar o real profeta, dizendo ‘olha para mim e tem piedade de mim porque sou pobre e só’ . ‘Chamei a ti, Senhor, salva-me, para que guarde os teus mandamentos’ (Sl 118, 146). ‘Senhor, volvei para mim os Vossos olhos, tende piedade de mim e salvai-me, porque sem Vós nada posso e fora de Vós, não encontro quem possa ajudar-me’”.
(Santo Afonso de Ligório, A Oração, I, 9)